quinta-feira, janeiro 29, 2009

Caráter Inicial e Geral da Formação Econômica Brasileira

História Econômica do Brasil - Parte II


Nesse segundo capítulo que vai da página 13 à 23, Caio Prado faz um pequeno resumo do contexto europeu, antes das chamadas "grandes navegações". Aponta o século XIV como fim de uma era comercial, limitada por trilhas terrestres e navegações costeiras e de cabotagem. O Mar Mediterrâneo que liga por terra o Mar do Norte, foi, desde o fim do Império do Ocidente, a alternativa comercial européia. Apenas no XV é que o cenário comercial do Mediterrâneo perderá a sua hegemonia. Segundo Caio Prado Júnior:

"A expansão Marítima dos países da Europa, depois do século XV, expansão de
que a descoberta e colonização da América constituem o capítulo que
particularmente nos interessa aqui, se origina de simples empresas comerciais
levadas a efeito pelos navegadores daqueles países. Deriva do desenvolvimento do
comércio continental europeu que até o século XIV é quase unicamente terrestre e
limitado, por via Marítima, a uma mesquinha navegação costeira e de cabotagem.
Como se sabe, a grande rota comercial do mundo europeu que sai do esfacelamento
do império do ocidente, é a que liga por terra o Mediterrâneo ao Mar do Norte,
desde as repúblicas italianas, através dos Alpes, dos Cantões Suíços, dos
grandes empórios do Reno, até o estuário do rio onde estão as cidades
flamengas." (Caio Prado,1972,Pág.13).

A nova etapa que surgirá no século XIV, tendo como pioneiro a nação mais bem localizada geográficamente, e que mais se desenvolveu na arte de navegar: Portugal. A nova rota marítima que ligará os dois pólos comerciais europeu é completada com o contorno do estreito de Gilbraltar. A Europa nunca mais será a mesma.

Enquanto o Estreito de Gibraltar é atração e opção às nações européias, Portugal avança em seus objetivos comerciais avançando sobre a costa ocidental da África, em busca de novas opções de comércio e longe das antigas empresas concorrentes. Assim, os portugueses descobrirão as ilhas costeiras da África. Caio Prado relata a empreitada Portuguesa dessa maneira:
"Enquanto os holandeses, inglêses, normandos e bretões se ocupam na vida comercial recém aberta, e que bordeja e envolve pelo mar o ocidente europeu, os portugueses vão mais longe, procurando empresas em que não encontrassem concorrentes mais antigos já instalados, e para o que contavam as vantagens geográficas apreciáveis: buscarão a costa ocidental da África, traficando aí com os mouros que dominavam as populações indígenas. Nesta avançada pelo oceano descobrirão as ilhas ( Cabo Verde, MAdeira, Açôres ), e continuarão perlongando o continente negro para o sul. Tudo isso se passa ainda na primeira metade do século XV. Lá por meados dele, começa-se a desenhar um plano mais amplo: atingir o Oriente contornando a África. (Caio Prado, pág.14)
Atigir às Índias por outro caminho que não fosse o Mediterrâneo, significava fugir das altas taxas embutidas pelas cidades italianas e dos mouros; estes traziam as mercadorias indianas até aos portos circuvizinhos do Mediterrâneo. Veja o que diz Caio Prado Junior:
"Atingir o Oriente contornando a África. Seria abrir para seu proveito uma rota que os poria em contato direto com as opulentas Índias das preciosas especiarias, cujo comércio fazia a riqueza das repúblicas italianas e dos mouros., por cujas mãos transitavam até até o Mediterrâneo". (Caio Prado, Pág.14)
Caio Prado classifica os descobrimentos que se sucederam com a grande navegação, como "um capítulo da história do comércio europeu". São as empresas comerciais, contratadas pelos países europeus que irão desbravar as terras descobertas, e essas empresas serão vistas pelos povos da Europa como traficantes. A princípio, nas américas não há a intenção de povoar, o interesse era totalmente comercial. O desprezo pelos territórios "primitivos" e o grande interesse pelo comércio oriental, era mais aguçado, pois não faltavam objetos para atividades mercantis.
A partir daí o descobrimento e exploração das américas serão vinculadas ao comércio. O caminho das índias, o descobrimento da América, e ocupação de seus setores.
Fatores como o clima e a religião foram responsáveis diretos pela colonização que se desenvolveu na América. As regiões temperadas, tropicais e subtropicais receberão, portanto, tratamento diferenciado em se tratando de povoamento. A área temperada, por exemplo, teve sua povoação iniciada por motivos políticos e religiosos que tomavam conta da Europa, em especial da Inglaerra. Os imigrantes europeus encontravam na América, abrigo, paz e liberdade para expressar suas convicções. Planejavam recriar no espaço temperado as condições de vida que lhes era negado.
Durante mais de dois séculos se despejarão na América todo resultado das lutas político-religiosa européias. A França Antartida é um exemplo dessa fuga, mais a maior concentração estará mesmo nas regiões temperadas, com climas mais semelhantes ao da Europa, e portanto mais adaptável a vida desses colonos. Com intenções de refazer um lar desfeito e ameaçado, fugiam do mar estremecido político-religioso em que a Europa navegava.
Continua.Parei na pág. 18. Continuar no 2º paragrafo

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