quarta-feira, janeiro 14, 2009

O preço do Grito do Ipiranga: 2 milhões de Libras Esterlinas




Já comentei recentemente que a nossa história deveria ser recontada urgentemente. Dessa vez vou lhes revelar algo a respeito da "Independência do Brasil". Para tal me baseio nos escritos de Sônia Pacheco, no livro "Esta é a nossa História", Sp, 3ºvolume,1969.

Vamos aos fatos relevantes do assunto em questão: A começar pelo quadro pintado por Pedro Américo, segundo Sônia Pacheco, não se tem a certeza de que D. Pedro I realmente deu o grito;mas o quadro está lá no museu do Ipiranga como uma das obras mais raras da instituição.

Se não se tem a certeza do grito, por que então se ensina na escola primária que, D. Pedro, às margens do Rio Ipiranga deu o brado de liberdade? É estranho aceitar o fato como verdade, já que a nossa liberdade foi comprada de Portugal por 2 milhões de Libras esterlinas. Se não temos evidências do "Independência ou Morte", mas sabemos que a nossa liberdade foi condicionada ao pagamento de uma indenização à Portugal, e com um empréstimo que foi feito à Inglaterra, então por que prevalece a questão do grito nos livros didáticos e no imaginário dos brasileiros? Não seria muito mais correto divulgar a indenização,comprovada históricamente, do que o "grito do Ipiranga"? Pensem comigo: No título da matéria do livro didático, ao invés de :"O Grito da Independência", ficaria assim: "O Preço da nossa independência". Será que estou errado de pensar assim? É correto contar a história de um país através de um fato que não se tem uma confirmação histórica? Segundo Sônia Pacheco, D. Pedro seria bem capaz de encenar um ato portentoso, com o objetivo de empolgar a sua comitiva, mas o importante para a história é que não se tem evidência desse ato, e continua-se então, a ensinar o que não é legitimo como verdade.
Será que ainda há quem acredite que o processo da nossa emancipação política resumiu-se em um único gesto, o grito do Ipiranga? . Quer dizer que bastou gritar: Independência ou morte!

Para ser livre o Brasil precisava resolver um dos seus mais sérios problemas: o da unidade.
O Brasil não era um país unido, ou seja, não haviam práticas comerciais internas e sim externas, as províncias tratavam diretamente com a metrópole. O açúcar nordestino e as drogas do norte, por exemplo, seguiam direto para Portugal. Como as províncias dependiam desse mercado externo, as ligações entre elas eram bastante reduzidas.

Tive o trabalho de fazer essa pequena contextualização acima para poder explanar o que foi imprescindível no processo da independência. Antes do suposto grito de independência as províncias já pensavam em tornarem-se independentes. É o caso, por exemplo da Revolução Pernambucana de 1817. Assim foram os objetivos de outras revoltas durante o Império. A informação valiosa para compreendermos melhor esse processo é relatada por Sônia Pacheco: /="Todas as províncias queriam a independência? O povo Talvez, mas não a classe dominante de todas as províncias e não de igual modo". Quando a corte veio para o Brasil implantou aqui todo o seu aparato administrativo e, nos acostumamos a isso. Além do mais, os fazendeiros, grandes proprietários de terras e escravos dominavam a política no país e por isso não desejavam mudanças radicais na política. Para esses homens o objetivo era afastar o intermediário comercial que era Portugal, uma transformação mais profunda poderia afastá-los do poder.Daí a monarquia ser aceita tão abrangentemente.

Se é para aceitar o ano de 1822 como dia da independência, melhor seria adotarmos o 1808, pois foi a partir dai que a abertura dos portos representou a quebra do monopólio Português. O Brasil já se encontrava livre e manter o Brasil como colônia já era praticamente impossível. O grande problema já não era o reconhecimento da nossa liberdade por parte de Portugal, mas a adesão de todas as províncias à nova situação. As tropas, por serem formadas por portugueses, seriam um grande problema para D.Pedro, mas logo achou-se solução: As guarnições do Rio foram enviadas para Lisboa, em outras províncias elas não eram suficientemente forte, ou aceitaram as mudanças. As tropas de salvador andaram inquietas e entraram em choque com as tropas brasileiras, auxiliadas pelo povo. A esquadra Inglesa interviu e os lusos foram mandados de volta.

Terminadas as revoltas D. Pedro precisava tratar da independência, ou seja o reconhecimento do Brasil como nação. O Brasil como colônia por exemplo não poderia assinar tratados comerciais. Dois países reconheceram de imediato a nossa independência: Estados Unidos e México. Isso era bom, pois quanto mais unidas fossem as nações da América, melhor resistiriam às exigências Europeias.

A grande questão: A Inglaterra desejava comercializar com o Brasil e ficar livre dos impostos lusos. Por outro lado não queria ficar mal com Portugal, seu velho amigo e quase colônia. O reconhecimento da Inglaterra era o estopim para que toda a Europa olhasse para o Brasil como nação. A ideia de aliança com outros paíse europeus para reconquistar a colônia não daria certo contra a poderosa esquadra inglesa. Portugal, mais uma vez na sua história ficou acuado e indeciso. Como o reconhecimento demorava, D. Pedro ameaçou tirar da Inglaterra a tarifa de 15% que a Inglaterra desfrutava em nossos portos. Afim de não perder essas vantagens A Inglaterra pressiona Portugal. Em 1825 um diplomata Inglês, representando a Ex-metrópole assinava um tratado de paz e amizade com o Brasil. No mesmo ano, esse mesmo diplomata apresentava um tratado comercial para ser assinado por nós. Pelo tratado de paz, o Brasil deveria pagar 2 milhões de Libras esterlinas a Portugal, moeda Inglesa, ou seja, tudo cuidadosamente tramado pela Inglaterra. Ainda tem gente achando que foi o "grito que nos libertou?".

Há um fato muito importante que eu não poderia deixar de mencionar. Quando a Família Real volta a Portugal, D pedro começa a desobedecer a Metrópole, dá ordens para que os decretos que vinham de Portugal só fossem obedecidos com o seu aval. As províncias preferem tratar direto com Portugal do que com D. Pedro, o que o reduziria a um simples governador do Rio de Janeiro.

Portugal exige a volta de Pedro I, mas esse recusa. A ideia de ser o Imperador de um grande país e não um um simples príncipe em Portugal, fez com que ele tomasse a decisão de ficar no Brasil.
É certo que a sua decisão de ficar no Brasil favoreceu em muito o processo de independência, mas também é verdade que houve interesses pessoais e comerciais, tanto por parte da Inglaterra, de Portugal, de D Pedro I e das províncias brasileiras. Decerto que podemos dizer: A nossa independência fora comprada e não conquistada. Devemos a nossa Independência à ganancia de D. Pedro , aos interesses comerciais e as libras esterlinas da Inglaterra.

Fonte de Pesquisa: Livro Esta é a Nossa História, PACHECO,Sônia.Edt e divulgadora de Livros Ltda.1969.São Paulo.

Marcelo Claudino Henrique
                                                        



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