Essa noite revi o filme "O Patriota" , que tem como pano de fundo a Guera de Independência dos Estados Unidos. Percebi o quanto a história se repete , não importa o contexto geográfico ou espacial.
O rei inglês em terras americanas declara que após vencer a guerra distribuiria terras para uma "nova aristocracia". O que que fez D.João VI ao chegar no Brasil em 1808, senão distribuir sesmarias aos novos fidalgos, em troca de benfeitorias, como aberturas de estradas e outras infraestruturas...Assim surgiram as majestosas fazendas do Vale do Paraíba Fluminense. Os títulos nobiliárquicos foram distribuídos aos que podiam comprá-los.
Um momento marcante foi o dialogo entre dois soldados americanos, 1 branco e 1 negro. O soldado branco trás a noticia de que os negros que lutarem na guerra de independência por 12 meses seriam considerados libertos e que todos homens seriam tratados por igual perante Deus. Logo de imediato percebemos o paradoxo dessas afirmações, pois, se, somente os negros que lutassem na guerra durante 12 meses seriam libertos, como, após a guerra todos seriam iguais perante à Deus...Percebe-se, porém, que existem diversos conceitos de liberdade e igualdade. A humanidade sempre interpretou esses conceitos conforme o seu bel prazer...Pra finalizar esse pensamento, penso, que a escravidão, para a população mundial apenas mudou os seus tentáculos. A grande maioria trabalha muito para um pequeno grupo empresarial escravista, ganha pouco e vive de esmolas... é a grande senzala em movimento na grande cidade.
Como todas as guerras, na guerra de independência dos Estados Unidos, houve separação de famílias, suicídios, casamentos apressados, deserções e assassinato de civis. Há um bordão popular que, quando alguém diz que algo está muito ruim, o outro responde: "Pior é na guerra!" Pois bem, todas as mazelas de uma guerra acontecem cotidianamente nas cidades, periféricas ou não. Separação de famílias, suicídios, casamentos apressados e...assassinatos de pessoas inocentes! O que pode ser mais temeroso do que uma guerra civil enrustida pela mídia conservadora...Todas as guerras tiveram seus excessos e com o Brasil não foi diferente... A guerra do Paraguai foi uma chacina vergonhosa que o Brasil participou, junto da Argentina e Uruguai, mas isso não se conta nos livros didáticos e, sequer é mencionado. Melhor que mudassem o bordão: "Pior é a nossa guerra!"
O grande momento do filme é quando o personagem principal, depois da morte de seu filho, que servia à causa libertária, morre nas mão do exército inglês, anuncia que abandonará a luta. Ele, então, enterra o seu filho. Quando o exército já está longe ele descobre que tem uma bandeira dos Estados Unidos guardada em uma bolsa. Desenrola a bandeira, improvisa um mastro e segue com o simbolo à tremular, ao encontro da tropa. A tropa americana o avista de longe e, conforme vai chegando à frente é saudado com gritos eufóricos cheios de patriotismos. Que lindo!
Até então, o personagem Benjamim, entrara na guerra para defender o seu filho que insistira em se alistar. Quando da perda do filho, Benjamim encontra uma outra motivação: O Patriotismo.
O que faz que a grande maioria do povo brasileiro possa estar ligado em uma Copa do Mundo, senão o patriotismo...O que fez com que as manifestações de junho do ano passado fossem aderidas por tantos, senão o patriotismo...Uma guerra em que o Brasil, por ventura, tivesse que participar, talvez, nos dias de hoje, não houvesse tantas adesões. Eu, por cá, fico com as palavras do saudoso John Lennon: "Não me considero cidadão de nenhum país, em parte, sou um cidadão do mundo."
Marcelo C Henrique
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