sexta-feira, maio 18, 2012

FAVELIZAÇÃO: MIGRAÇÃO NORDESTINA E EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA NO RIO DE JANEIRO.



Em quase todo o mundo, em algum momento, houve a explosão demográfica nas cidades. Podemos citar, na Europa, a Revolução Indústrial (final do século XIX). A velocidade das máquinas à vapor e a construção das ferrovias ditaram o rítmo do desenvolvimento sociocultural e econômico do espaço urbano.

No Brasi, a explosão demográfica começou na primeira metade do século XX com a migração dos nordestinos para as grandes cidades do sudeste brasileiro. A falta de chuva deixaram as terras nordestinas inférteis, os rios e açudes secaram. Fugindo da fome e da miséria a população nordestina migrou, como um grande formigueiro humano para as cidades mais desenvolvidas do país. São Paulo e Rio de Janeiro absolveram a maior parte desse contigente humano.

O Rio de Janeiro, como São paulo, não estava preparado para receber todo esse contigente de pessoas. Não havia empregos e moradias para todos. A precaria infraestrutura urbana, até hoje explicita nas ruas do Rio de Janeiro mostrou-se cada vez mais evidente na cidade.

As grandes enchentes que sempre inundavam o Rio de Janeiro em tempos remotos, aumentaram as catástrofes urbanas devido a falta de um planejamento estrutural para a cidade.

Sem ter para onde ir, quando chegaram ao Rio de Janeiro, os nordestinos se viram obrigados a engrossar a massa de favelados que tomavam conta dos morros cariocas ou locais nobre da Zona Sul.

As favelas, amontoados de barracos de madeira construídos a esmo, logo tornou-se um lugar insalubre. Se construídas à margem da orla,o esgoto a céu aberto, produzindo grandes línguas negras e o lixo produzido pela população, descartado de qualquer maneira, traziam doenças e poluia as águas da Baia da Guanabara. Se construídas nas encostas, desmatavam a Floresta Atlântica.

Os nordestinos, tornaram-se, mão de obra barata e, foram aos pouco, sendo absorvidos como trabalhadores da construção civil e nos grandes condomínios de luxo como porteiros ou empregadas domésticas. Não era o favelado que incomodava a classe média, mas a favela. Os barracos de madeira, amontoados, sujos e aterrisados em terrenos insalubres, desenhavam uma imagem exótica e feia aos olhos citadinos. No site www.favelatememmoria.com.br podemos perceber a veracidade dessa afirmação:

O problema das comunidades pobres como incômodo social começou a ser percebido somente nos anos 40, portanto, quase meio século após a instalação da primeira favela, no morro da providência, no centro. Nessa época, as favelas eram vistas como uma “aberração” urbana e ainda não constavam dos mapas oficiais da cidade. Antes disso, elas eram simplesmente ignoradas, vistas como foco de marginalidade e falta de higiene. O código de obras do Rio, de 1937, por exemplo, já propunha a eliminação completa das comunidades carentes e a criação de parques proletários – entre 1941 e 1943, foram construídos três parques, na Gávea, Leblon e Cajú”.¹


No final do século XIX o Brasil republicano apresentava um quadro político social degradante, desfavorável à população pobre e principalmente negra. Os escravos libertos pela Abolição da escravatura foram dispersos pelas ruas da cidade sem emprego e moradia. Sem ter para onde ir foram largados à esmo e, substituídos em suas habituais tarefas pelos imigrantes europeus.

A respeito da imigração européia existe a “Teoria do Branqueamento”. Fazendo alusão à “Teoria Darwiana”, achava-se que a raça européia era, pór natureza, superior à raça miscigenada brasileira. Supunha-se que, com a inserção dos europeus, em poucos anos a população brasileira seria clara e, também, mais inteligente.

A primeira Constituição Republicana, moldada na Carta Norte Americana, não preocupou-se em eleborar um programa de amparo que propiciasse ao grande contigente de ex escravos a inserção social. Quando a República foi proclamada, esperava-se que os problemas sociais que assolavam a classe mais baixa fosse prioridade na Carta Constitucional. Dessa maneira, o país perdeu uma chance de crescimento real baseado na verdadeira democracia. A classe governamental oligárquica negou aos pobres o direito de igualdade.

Esse fato reflete negativamente em nossa sociedade atual. Hoje, não é por acaso que a maioria de moradores de favela são negros. Lançados à propria sorte foram empurrados para os guetos e esteriotipados como “negro vadio e sem vida familiar regular”.2

A favela insalubre, lugar de gente pobre e esteriotipada; refúgio dos nordestinos fugidos da seca e esperança de milhares de brasileiros que; sem terem a oportunidade real de inserção não conheceram a igualdade social. A Constituição que promete educação, saúde e segurança à todos, sem distinção de cor, raça ou religião, traduz bem a sua verdadeira realidade. Suas letras parecem dormir em berço esplêndido. Sem efeito, não tem o devido valor... é de papel.
 Por Marcelo Claudino Henrique
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