Em quase todo o mundo, em algum
momento, houve a explosão demográfica nas cidades. Podemos citar,
na Europa, a Revolução Indústrial (final do século XIX). A
velocidade das máquinas à vapor e a construção das ferrovias
ditaram o rítmo do desenvolvimento sociocultural e econômico do
espaço urbano.
No Brasi, a explosão demográfica
começou na primeira metade do século XX com a migração dos
nordestinos para as grandes cidades do sudeste brasileiro. A falta de
chuva deixaram as terras nordestinas inférteis, os rios e açudes
secaram. Fugindo da fome e da miséria a população nordestina
migrou, como um grande formigueiro humano para as cidades mais
desenvolvidas do país. São Paulo e Rio de Janeiro absolveram a
maior parte desse contigente humano.
O Rio de Janeiro, como São paulo, não
estava preparado para receber todo esse contigente de pessoas. Não
havia empregos e moradias para todos. A precaria
infraestrutura urbana, até hoje explicita nas ruas do Rio de Janeiro
mostrou-se cada vez mais evidente na cidade.
As grandes enchentes que sempre
inundavam o Rio de Janeiro em tempos remotos, aumentaram as
catástrofes urbanas devido a falta de um planejamento estrutural
para a cidade.
Sem ter para onde ir, quando chegaram
ao Rio de Janeiro, os nordestinos se viram obrigados a engrossar a
massa de favelados que tomavam conta dos morros cariocas ou locais
nobre da Zona Sul.
As favelas, amontoados de barracos de
madeira construídos a esmo, logo tornou-se um lugar insalubre. Se
construídas à margem da orla,o esgoto a céu aberto, produzindo
grandes línguas negras e o lixo produzido pela população,
descartado de qualquer maneira, traziam doenças e poluia as águas
da Baia da Guanabara. Se construídas nas encostas, desmatavam a
Floresta Atlântica.
Os nordestinos, tornaram-se, mão de
obra barata e, foram aos pouco, sendo absorvidos como trabalhadores
da construção civil e nos grandes condomínios de luxo como
porteiros ou empregadas domésticas. Não era o favelado que
incomodava a classe média, mas a favela. Os barracos de madeira,
amontoados, sujos e aterrisados em terrenos insalubres, desenhavam
uma imagem exótica e feia aos olhos citadinos. No site
www.favelatememmoria.com.br podemos perceber a veracidade dessa
afirmação:
“O problema das
comunidades pobres como incômodo social começou a ser percebido
somente nos anos 40, portanto, quase meio século após a
instalação da primeira favela, no morro da providência, no centro.
Nessa época, as favelas eram vistas como uma “aberração”
urbana e ainda não constavam dos mapas oficiais da cidade. Antes
disso, elas eram simplesmente ignoradas, vistas como foco de
marginalidade e falta de higiene. O código de obras do Rio, de 1937,
por exemplo, já propunha a eliminação completa das comunidades
carentes e a criação de parques proletários – entre 1941 e 1943,
foram construídos três parques, na Gávea, Leblon e Cajú”.¹
No final do século XIX o
Brasil republicano apresentava um quadro político social degradante,
desfavorável à população pobre e principalmente negra. Os
escravos libertos pela Abolição da escravatura foram dispersos
pelas ruas da cidade sem emprego e moradia. Sem ter para onde ir
foram largados à esmo e, substituídos em suas habituais tarefas
pelos imigrantes europeus.
A respeito da imigração
européia existe a “Teoria do Branqueamento”. Fazendo alusão à
“Teoria Darwiana”, achava-se que a raça européia era, pór
natureza, superior à raça miscigenada brasileira. Supunha-se que,
com a inserção dos europeus, em poucos anos a população
brasileira seria clara e, também, mais inteligente.
A primeira Constituição
Republicana, moldada na Carta Norte Americana, não preocupou-se em
eleborar um programa de amparo que propiciasse ao grande contigente
de ex escravos a inserção social. Quando a República foi
proclamada, esperava-se que os problemas sociais que assolavam a
classe mais baixa fosse prioridade na Carta Constitucional. Dessa
maneira, o país perdeu uma chance de crescimento real baseado na
verdadeira democracia. A classe governamental oligárquica negou aos
pobres o direito de igualdade.
Esse fato reflete
negativamente em nossa sociedade atual. Hoje, não é por acaso que a
maioria de moradores de favela são negros. Lançados à propria
sorte foram empurrados para os guetos e esteriotipados como “negro
vadio e sem vida familiar regular”.2
A favela insalubre, lugar
de gente pobre e esteriotipada; refúgio dos nordestinos fugidos da
seca e esperança de milhares de brasileiros que; sem terem a
oportunidade real de inserção não conheceram a igualdade social. A
Constituição que promete educação, saúde e segurança à todos,
sem distinção de cor, raça ou religião, traduz bem a sua
verdadeira realidade. Suas letras parecem dormir em berço
esplêndido. Sem efeito, não tem o devido valor... é de papel.
Por Marcelo Claudino Henrique
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Que texto maravilhoso!❤
ResponderExcluirMuito bom! Parabéns Marcelo!!!
Obrigado Lariss
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